Há muito tempo em um reino muito, muito distante havia uma princesinha que vivia a sonhar acordada.
Ela morava num castelo muito do cafona, tão cafona que a maioria dos castelos da redondeza eram melhores do que o da Vossa Alteza. Mas, mesmo sendo cafona o castelo era o seu lar e ela adorava tudo que ali existia. No castelo, além da princesa ainda tinha o resto da familia real, que por sinal aparentava ser uma das familias mais feliz do reino. Apesar de toda a diferença entre os membros da familia eles coexistiam em perfeita harmonia. Lordes, príncipes e Reis viviam e se tratavam de modo a imaginar que não havia hierarquia.
Um certo dia o Rei sumiu; haviam boatos cercando a realeza. "Atentado?", "Vingança?", "Está doente ou morreu?", entre muitos outros o comentário que estava mais presente era que o Rei tinha cansado da familia feliz (e hipócrita) e havia caido nos braços de alguma libertina. Os pudores e o respeito, no reino, agora pareciam uma doce lembrança de uma época remota. Ao invés da felicidade nos corredores do castelo o que se via era o rancor, a tristeza e a inveja que muitos sentiam das únicas pessoas felizes que residiam naquele local; a princesa e seus pais.
Pouco tempo depois a familia real parecia estar em guerra. Os membros da Alteza já não conversavam direito, não ficavam felizes com a felicidade aheia e muito menos preocupados quando ontrém aparecia a chorar. Passaram a ficar na defensiva vinte e quatro horas por dia.
Passado alguns meses a situação só piorou, até que o pai da princesa decidiu se mudar do reino, abdicou ao seu posto real, à toda a sua riqueza e também à companhia de sua mãe, irmãos e sobrinhos. Só o que lhe importava era o bem-estar de sua esposa e de sua filha. E então o príncipe, que já não era mais príncipe e sim camponês pegou um pouco de suas economias, roupas e comida e partiu com a sua familia.
Apesar de não possuírem um décimo da riqueza de antes os camponeses estavam descobrindo que o que importava era ter felicidade e amor no coração, que aos poucos tudo iria se acertar. A princesa foi matriculada num colégiozinho da região onde sua mãe arrumou um emprego para dar aula, e seu pai foi buscar algum serviço também. Logo tudo se acertou! A princesa estudava, sua mãe dava aulas e seu pai tinha aproveitado sua experiência com lutas e arrumou um emprego na Guarda Real de um reino vizinho.
O tempo foi passando e a mãe da princesa resolveu ter mais um filho. Os pais conversaram, discutiram e brigaram durante dias. Enquanto a mãe amadurecia e mudava pela familia, o pai se manteve estagnado e cada dia mais pensando apenas nele. Desse modo foi se formando uma distância entre os dois, o que fazia as opiniões não baterem mais. Mesmo assim a mãe decidiu que teria um filho, fosse para satisfazer o seu desejo ou para segurar o seu casamento.
A gravidez não foi nada fácil, foi marcada de idas e vindas, brigas e muitas lágrimas. Se passaram os nove meses e em janeiro de 1801 nasceu a pequena Victória, e a mãe estava certíssima com relação ao seu casamento. Em alguns momentos os quatro até pareciam aquela harmonioza familia de alguns anos atrás. As brigas cessaram, o pai voltou a olhar mais para a casa e a princesinha... aaah, a princesinha se derretia toda quando olhava para a sua bonequinha Victória!
(continua...)